Tomando emprestado a imaginação de Karl König sobre os processos vitais e as ideias de King, pode‐se dizer que os processos sociais são semelhantes ao de se construir uma "casa", um lar caloroso e acolhedor, para abrigar a conexão humana entre indivíduos, envolvendo‐a com carinho e interesse, alimentando‐a, e depois abarcando‐a em sua singularidade, fortalecendo‐a com uma persistência que a leva ao crescimento social e à criatividade.
Essencialmente, os processos sociais são forças vitais transformadas para o aprendizado e interação social, os quais requerem especial força para vir a existir. Eles são uma expressão das leis sociais de Steiner, o arquétipo dos fenômenos sociais e do motivo condutor da ética social utilizada de forma prática. Em resumo, os processos sociais são:
Encontrando/Comunicando (Respirando)
Atendendo com Interesse (Aquecendo)
Fomentando/Esmiuçando (Nutrindo)
Reconhecendo (Segregando)
Dando continuidade (Mantendo)
Estendendo/Desdobramento (Crescendo)
Criando novas formas sociais (Reproduzindo)
Não vou explorar os processos sociais, porque eles estão fora do escopo deste documento. Eu vou nomeá‐los como necessários para apresentar os sete estágios da formação de parcerias criativas nas Escolas.
Visão geral dos sete estágios de formação de parcerias criativas
A Parceria Criativa não é um contrato, nem uma simples troca de interesse, nem mesmo uma questão de satisfação do cliente. Requerendo ações e intencionalidade, comunicando, envolvendo, aprendendo e co‐ criação são processos que constroem e estabelecem parcerias criativas. Desenvolvida ao longo do tempo essa parceria não é estática. Ela é essencialmente orientada por processos, mudando com o ir e vir de alunos, pais, administradores ou professores. De muitas maneiras, uma escola é como o fluxo constante de um rio. Seu curso é conhecido, mas suas águas estão sempre mudando, trazendo movimento, enriquecendo a vida. Nesse movimento constante, relacionamentos em escolas evolvem e devolvem. Pessoas vêm e vão.
Tabela: Espectro de Formação de Parceria
Consequentemente, cada pai ou mãe se localiza como indivíduo dentro do espectro do processo de formação de parceria em um dos três níveis mencionados na tabela. Na tabela acima, podemos ver o espectro de parceria em formação. Esse é dividido em duas partes mediadas por um ponto de virada. No lado do consumidor, a relação indivíduo‐escola é ligada exteriormente e é característica de uma relação entre um consumidor e um fornecedor de serviços. Pais e escola são, portanto, vinculados a uma relação econômica através de acordos de matrícula, por uma relação social definida por contratos, políticas e procedimentos, e por uma proposta educacional expressa no conceito de serviços educacionais. Embora importantes, essas três formas de relação não formam uma parceria. Eles formam uma base sólida para um bom relacionamento entre fornecedor de serviços e cliente.
Em algum ponto do processo, os pais e escolas compreendem a natureza recíproca do seu relacionamento e começam a lidar uns com os outros em termos diferentes. No ponto de virada, o pai torna‐se parte integrante da escola, aceitando a escola com todas as suas qualidades, suas 10 lacunas e deficiências. Então, a relação de consumo estabelecida se desloca para uma de parceria, para um relacionamento íntimo com base no apoio mútuo, de confiança e reciprocidade, e de uma imagem do desenvolvimento da criança e do ser humano.
Esses três níveis de relação (consumidor, ponto de virada, e parceiro) e as três formas de relação (econômica, social e cultural / espiritual) formam o que eu chamo de ciclo (ou espectro) de formação de parceria pais‐escola. A coordenação dos três lados dessas relações pode ser desafiante. É preciso tempo e esforço consciente para que eles trabalhem de forma harmoniosa e independente, porque cada área, financeira, social ou cultural, exige que os pais, professores e administradores interajam de forma diferente. As três formas, no entanto, são essencialmente presentes na vida escolar. Sua multiplicidade pode ser conscientemente capturada e maximizada se a instituição desenvolve esses relacionamentos baseados em processos e não necessariamente em programas ou atividades unilateriais.
As fases de desenvolvimento da Parceria Criativa e
as Três Formas de Parceria
Face ao exposto, os Sete Estágios da formação de parcerias criativas nas escolas (7 Fases) englobam três formas de relações: a econômica, social e cultural. Independentemente dos procedimentos das admissões, o processo de formação de Parceria Criativa formalmente começa com a primeira chegada dos pais e dos filhos na sala de aula. Começando imediatamente após a chegada, Encontrando ou Comunicando é um processo fundamental que está presente ao longo dos sete estágios de desenvolvimento de parcerias. Como o arquétipo do fenômeno social indica, quanto mais a escola cria um espaço aberto para o encontro entre pais e escola, mais bem‐ sucedido será esse encontro inicial. Enquanto o processo social na Fase 1 está se comunicando ou encontrando, o processo de aprendizagem envolvido é chamado percebendo, observando. Neste sentido, quando um novo pai encontra a escola, ele observa tudo e procura orientação para situar‐se no novo ambiente.
Com tempo, o novo pai se posiciona em relação à sala de aula de seu filho, ao professor e aos outros pais. Movido pela necessidade de socializar, ele procura conhecer outros pais se interessando por eles. Ele vivencia um processo de aquecimento social. Se a confiança é nutrida, o pai pode mostrar interesse em melhorar sua competência como genitor(a). Enquanto Relacionando é o processo de aprendizagem que está no centro da Fase 2, o processo social é o de Atendendo ou Envolvendo com interesse (fase 2). Participar na vida escolar ou na vida da criança segue o movimento no sentido de interações sociais. Pode haver uma tentativa de compreender os métodos educacionais da escola e, talvez, de integrar em casa o que a criança aprende na escola.
Na Fase 3 o trabalho voluntário se torna uma parte integrante da vida do pai. Esse envolvimento é uma das principais atividades nesta fase. Algumas tentativas iniciais de reproduzir práticas escolares também são comuns nesta fase. (Fase 3) Como o pai começa a conhecer a escola e sua comunidade, ele continuamente identifica pontos fortes da escola e áreas que podem ser melhoradas, aceitado‐as ou rejeitando elementos da vida escolar. Dada a existência de opções oferecidas pela escola, este processo de esmiuçar seu entendimento da escola pode resultar em uma escolha e decisão de permanecer na escola ou de sair. (Fase 4) O processo de Reconhecimento também pode direcionar estes indivíduos para o impulso de contribuir, assumindo responsabilidade com o futuro da escola, o qual se torna visível na etapa seguinte. A relação, neste momento se torna cada vez mais individualizada para ambos, escola e pais. Ao passo que os pais internalizam a cultura da escola, tornam‐se parte integrante da mesma. Enquanto Individualizando é o processo de aprendizagem neste estágio, reconhecendo a escola reflete o processo social no estágio 4.
O resultado desse reconhecimento é uma aceitação dos pontos fortes da escola e de seus pontos fracos. Tal aceitação implica em o pai assumir um papel mais definido, tomando algum nível de responsabilidade não só para o desenvolvimento de seu filho, mas também para o seu próprio desenvolvimento, bem como o da escola. (Fase 5) Como consequência, o pai pode entrar numa nova fase de auto‐desenvolvimento e crescimento, quando o impulso inicial para o conhecimento dá espaço para o impulso de 12 desenvolvimento e melhoria de si mesmo e da escola. (Fase 6) As forças de sua vontade são agora acordadas para o processo de formar uma parceria.
Nesta fase, a parceria torna‐se um processo cada vez mais individualizado, que pode levar o pai para caminhos inesperados. Histórias de indivíduos com mudanças conscientes e deliberadas na carreira ou na vida pessoal são comuns em escolas com altos níveis de parceria. Ao longo dos anos, o pai, como um membro da comunidade escolar, torna‐se muito envolvido na vida da escola. Através do voluntariado em diferentes áreas, aprende novas habilidades e, às vezes, o desenvolvimento de novas capacidades pode levá‐lo a mudar de carreira ou o impulsiona a levar uma vida mais saudável. Nesse ponto, ele pode criar novo impulso social com a escola ou fora dela. (Fase 7)
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